terça-feira, 26 de abril de 2011


A dificil arte de acreditar

Acho que é uma unanimidade: ninguém está tranquilo com o time atual do Grêmio.

E eu não vejo porque seria diferente.

Acho que o último time confiável e acima de críticas dos últimos 15 anos (não de TODAS as críticas) foi o mítico "família Felipão".

Depois disso, seja por administrações vergonhosas, contratações erradas ou pura falta de competência e SORTE, nosso time murchou.

Guarda a pedra antes de atirar em mim. Até o mais fanático tem que concordar comigo que aquele time da Batalha dos Aflitos era só isso: um causador de aflitos, úlceras e dor crônica nos olhos.

O próprio time de 2007, vice-campeão da Libertadores, era ruim demais. E todo mundo sabia disso. Todo mundo sabia que o nosso garçã-de-galeteria-da-Serra-Patricio era um péssimo lateral. E que o ataque com o Tuta era, no mínimo, pornograficamente geriátrico. Até mesmo o Tcheco - o então cérebro do time - vivia diariamente contestado. E mesmo assim, o Olímpico rugia tão alto que eles quase chegaram lá.

Por que, então, o gremista acredita? O que leva um torcedor a pegar o trensurb, chacoalhar num ônibus lotado, inventar médico pra sair do trampo mais cedo e lotar o Olímpico em todas as disputas importantes? De onde surgiu essa imortalidade, que convenhamos não passa de uma bela forma de simplificar o que é inexplicável - mas que não pode mais servir de ferrolho a cada campeonato?

Eu digo: é amor. Um amor incondicional, daquele de mulher de brigadiano, que não se importa de apanhar. Não se importa em ser chifrada. Não se importa em desacreditar no que vê com os próprios olhos. Porque nada importa mais do que ter este amor sempre ao seu lado.

Este Grêmio que entra em campo amanhã cheio de desfalques é um novo Grêmio. Não se iludam: ele em nada mais lembra o Grêmio do semestre passado. E como todo novo amor, precisa conquistar e ser conquistado. Precisa de carinho extra, de paciência, de compreensão. É um time novo num elenco conhecido, cheio de problemas, nervosismos e defeitos. Ele é como aquela guria linda que tu tá apaixonado, mas tem medo de passar um semana inteira junto com ela e descobrir que ela ronca e tem chulé. É um medo besta, eu sei. Mas é assim mesmo.

Amanhã, no Olímpico, vai jogar o Gilson. Na lateral esquerda. Ele não é o lateral do Grêmio dos sonhos. Mas ele é o ÚNICO lateral disponível. E ele vai se esforçar, vai correr, vai lutar. E vai fazer tudo isso muito melhor sendo aplaudido do que sendo vaiado.

Amanhã, no Olímpico, vai jogar a pior defesa aérea do mundo. A cada bola alçada na nossa área, vai ser um sufoco digno de bombardeio americano. Mas, de novo, é a defesa que a gente tem. E tanto o Rafael Marques quanto o Vilson, ou o Mário Fernandes, ou o Newton vão se esforçar, vão correr, vão lutar. E vão fazer tudo isso muito melhor sendo aplaudidos do que sendo vaiados.

Amanhã, no Olímpico, vai jogar a MELHOR TORCIDA DO BRASIL. Uma torcida apaixonada, que apoia até o final. Uma torcida que vai se esforçar, vai pular, vai lutar. E VAI FAZER TUDO ISSO MUITO MELHOR APLAUDINDO DO QUE VAIANDO O TIME DO SEU CORAÇÃO.

É difícil a arte de acreditar. Envolve desapego, amor incondicional, paciência, compaixão e uma boa DOSE de LOUCURA.

Mas... vivemos de loucura, não é mesmo?

OBS: retirado do blog GREMIO LIBERTADOR
http://gremiolibertador.blogspot.com/

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